O futebol é uma grande família. Porém, por razões várias, alguns podem ser tratados como um guarda-redes perante a atabalhoação de Birame (tardes tranquilas onde dava para piquenicar na pequena área) e outros tratados como se fossem marcados pelo pragmático Sérgio Lomba (o que implicaria, no mínimo, uma lata de spray milagroso e muito gelo nas canelas, só para citar o paliativo mais imediato).
Existe então uma dicotomia na forma como os diversos jogadores são acolhidos pelos restantes agentes futebolísticos. Para designar esta dualidade de critérios (olá, sr. árbitro), costumamos dizer à boca-cheia, e recorrendo a uma alegoria de cariz familiar, que “alguns são sobrinhos e outros são enteados”.
Este jogador não escondia esse facto. Ele levou essa expressão a peito. Ele era mesmo, clara e objectivamente, um Sobrinho. Assumiu-o de forma cabal. E por causa disso era olhado de soslaio. Andava sempre “ó tio, ó tio!”, qual Donald atrás de Patinhas. Apesar de jamais ter alcançado o patamar de enteado, conseguiu ser internacional sem nunca ter tido padrinhos.
Existe então uma dicotomia na forma como os diversos jogadores são acolhidos pelos restantes agentes futebolísticos. Para designar esta dualidade de critérios (olá, sr. árbitro), costumamos dizer à boca-cheia, e recorrendo a uma alegoria de cariz familiar, que “alguns são sobrinhos e outros são enteados”.
Este jogador não escondia esse facto. Ele levou essa expressão a peito. Ele era mesmo, clara e objectivamente, um Sobrinho. Assumiu-o de forma cabal. E por causa disso era olhado de soslaio. Andava sempre “ó tio, ó tio!”, qual Donald atrás de Patinhas. Apesar de jamais ter alcançado o patamar de enteado, conseguiu ser internacional sem nunca ter tido padrinhos.
Já este jogador é alguém muito próximo de nós, visto que todos nós somos primos segundo uma teoria de inspiração bíblica. É verdade, nós não somos Albertinos nem Margaridos, somos primos. E por isso Primo é-nos muito familiar. Toda a gente gostava de brincar ao quarto-escuro com as suas irmãs, que eram as primas. Incluindo o treinador e todos os não-convocados. O Primo é primo de corpo e alma. O Primo é primus inter pares.
Ainda mais abrangente era Parente. Mesmo que fosse afastado, Parente estava por lá. Era Sobrinho e Primo e mais qualquer coisa. Parente reclamava sempre um quinhão de qualquer herança. Estava sempre presente nas convocatórias, pois ninguém se atrevia a deixar um parente de fora. E fartou-se de ser convidado para casamentos e baptizados onde não conhecia ninguém.
Eu por acaso tinha um parente que se chamava Horácio.
Não, não era este, mas este tinha um bigode. Além do mais, este era português e jogava no União da Madeira.
Dada esta especificidade, o Horácio não podia ser catalogado como sobrinho, primo ou mesmo como parente. A categoria de Horácio apenas se podia medir na escala de Horácios.
Um case-study, portanto.
4 comentários:
E Filhos também há muitos, especialmente brasileiros
Este é um deles http://www.zerozero.pt/jogador/manoel_inacio_silva_filho/actual/ficha/0/default/15411
E até Netos:
http://www.zerozero.pt/jogador/neto/actual/ficha/0/default/20353
e
http://www.zerozero.pt/jogador/neto/actual/ficha/0/default/28825
Que família disfuncional. Eu voto Parente.
E actualmente, mais ao estilo da miudagem, temos o Mano no Belenenses....
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